Na data de nove de agosto celebra-se o dia internacional dos Povos indígenas, não temos muito o que comemorar, massacres continuam ocorrendo, invasão de terras, assassinatos poluição dos rios pesca ilegal e muitas outras atrocidades. Permanecem a tentativa de silenciamento, e de dizimação total do nosso povo, então a luta continua, através do diálogo e de manifestações, da nossa resistência.

A partir de 2023 tivemos um respiro de esperança, foi criado o Dia dos Povos Originários, em oposição ao dia do “Índio” que era uma data a maioria das vezes caricatural e não contribuía para uma consciência crítica, pois os indígenas continuavam a serem mostrados como parte do passado, como se a História fosse estanque. Ao mesmo tempo recebemos o choque da crise sanitária e humanitária   na maior terra indígena do Brasil a terra dos Yanomami. Crise esta que se agravou nos últimos quatro anos devido ao aumento do garimpo ilegal, e já vinha sendo sido denunciadas no relatório inédito feito pelos Yanomami denominado; Garimpo Ilegal na Terra Indígena Yanomani e Propostas para Combatê-la  

      Outro dado importante é a questão da diversidade dos povos Indígenas vale a pena lembrar que existem indígenas de todas as cores, e de várias religiões, é a expressão da diversidade cultural brasileira, e isso é maravilhoso, afinal independentemente da cor, ou do fenótipo, é uma questão identitária, e tem a ver com raízes, com ancestralidade a pessoa que você realmente é e como se enxerga, aquilo que lhe pertence e ninguém pode tirar de você, a sua história. Sabe-se que praticamente todos os brasileiros e brasileiras tem a sua ancestralidade indígena, pois quando os colonizadores aqui chegaram com a falácia de terem descoberto um novo continente, essa terra já era povoada por mais de três milhões de indígenas. Costumo dizer que quando os invasores desembarcaram nesta terra que viria a se chamar Brasil, “eu” estava me bronzeando na praia da Pituba que é a mais próxima do bairro em que nasci e me criei, cujo nome Pernambues (não por coincidência) é indígena e significa tanque de águas em língua Tupy.     

      A boa notícia que nos chega é resultado do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 2022, Em que o número de indígenas quase que dobrou em relação ao último censo realizado em 2010. Considerando as dificuldades enfrentadas, e vários entraves, como ter que provar que fazia parte de uma determinada etnia, quais línguas indígenas eram faladas na residência, dentre outros critérios que limitaram a auto declaração no censo de 2010.

     Além de tudo se faz algumas conjecturas, por conta do curto período entre os dois últimos censos, mas de acordo com o próprio IBGE o resultado se deve ao formato da pesquisa que permitiu que pessoas fora da aldeia, indígenas em contexto urbano e indígenas que perderam o elo de ligação com o seu povo, pudessem responder como se enxergavam. Antunes 2022, conclui que; “O aumento do número de indígenas no período intercensitário é explicado majoritariamente pelas mudanças metodológicas feitas para melhorar a captação dessa população”. Sobretudo este é um avanço, o direito a auto- determinação, como está previsto na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas; Artigo 3: “Os povos indígenas têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito determinam livremente sua condição política e buscam livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.” Com os novos critérios do IBGE, mais pessoas puderam se declarar indígenas. Segundo A ministra dos Povos Originários as pessoas estão mais a vontade para assumirem a sua identidade indígena:  “As pessoas da cidade também se identificaram como indígenas.

        "Muitas pessoas se distanciaram e buscam esse resgate. É um momento que as pessoas estão a vontade para dizer que são indígenas, sendo que teve momento que tiveram que negar sua identidade para não morrer”, afirmou a ministra Sônia Guajajara dos Povos Indígenas. GUAJAJARA, Sônia. 2023

Por: Joanice Marques

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