Papo Cabulei com a Educadora, Artista e Mestra em Educação Juliana Monique
Juliana, o seu nome já nos diz muito da sua força, mas queremos te conhecer um pouquinho mais.
Papo Cabulei: Conta pra gente onde você nasceu, quem são seus pais.
Juliana Monique: Pessoa Preta Afrocentrada vinda do Recôncavo Baiano, re-territorializada no Quilombo Cabula, sou filha de Silvane Gesonias e Gilberto Francisco. Artista, Educadora, Administradora. Mestra em Educação e Contemporaneidade (PPGEduc/UNEB). Uma pessoa inquieta, que tem buscado se reconectar através da centralidade africana, construir autonomia através da própria história negra.
PC: Acompanhamos a sua linda história artística onde encena peças que retratam e valorizam a cultura negra. Quais foram as suas influências?
JM: Minha primeira referência são meus pais, que sempre apresentaram diversas expressões artísticas: literatura, música, desenho, dança. E com o estudo fui descobrindo mais elementos da minha história, então, busco dialogar com a ancestralidade, aprender com as pessoas, estudar, a nível acadêmico, tomo como referência Janice Nicolin, Beatriz do Nascimento, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Ama Mazama, Molefi Kete Asante, Muniz Sodré, Milton Santos, e tantos outros, intelectuais negras e negros, que tem construído epistemologias afirmativas para nosso povo.
PC: E o Mestrado como ele entra na sua vida, e o que isso representa para a sua comunidade:
JM: Minhas referências para o estudo foi minha mãe e meu pai, que possibilitaram o acesso e sempre estimularam a Educação na minha vida e de minhas irmãs, então, sempre gostei de estudar, concluo o ensino médio aos 16 anos, aos 17 entro na UNEB, aos 20 concluo minha primeira graduação. Mas quando resolvo participar da seleção do mestrado, é mais um passo dessa vida de insurgências e resistência, mesmo trabalhando 40 horas, numa escola pública, e ainda atuando com Arte e Cultura na minha comunidade e no Recôncavo. Acredito que toda vez que uma pessoa negra consegue alcançar uma vitória consciente da sua responsabilidade é muito importante, então acredito que esse mestrado, busca fortalecer iniciativas negras, a demarcar nosso espaço de Economia Coletiva e valorizar a história do nosso Quilombo.
PC: Nos fale da escolha dessa maravilhosa temática: UJAMAA: Educação Afrocentrada de Economia Coletiva para o Cabula.
JM: Sou Administradora de formação, atuo com a Educação Profissional na área de Gestão, e a inquietude sobre a economia negra sempre me motivou, com isso, busco unir a minha formação e atuação, com o compromisso em construir caminhos afirmativos que colaborem com meu povo. Assim, realizei uma busca em efetivar a compreensão da Economia Coletiva feita por nós, as nossas diferenciações com relações a outras formas de economia. Ujamaa, representa essa nossa economia, mas também pode ser entendida como família estendida, e a produção e compartilhamento de bens e serviços no seio dessa família.
PC: Agradecemos ter batido esse papo conosco, e para encerrar com gostinho de quero mais, nos diga (depois de respirar um pouco) o que vem por aí?
JM: São muitos planos, por que a todo o momento, tenho buscado criar e difundir possibilidades seja na Arte, Cultura e Educação. Então, podem esperar mais produções artísticas, acadêmicas e culturais, além da continuidade dos estudos e fortalecimento das redes e organizações aos quais faço parte.
Por Joanice Marques.